Brasil 500 anos
Divisão de Bibliotecas e Documentação
PUC-Rio
 

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As Obras

BARROS, João de. Asia de Joam de Barros: dos     feitos que os portugueses fizeram no     descobrimento e conquista dos mares e terras do     Oriente. Primeira Decada. Coimbra: Imprensa da     Universidade, 1932.

Nascido numa família de letrados, João de Barros (1496-1570) educou-se na escola da corte para moços fidalgos. Tendo exercido vários cargos administrativos do Estado português, como o de tesoureiro da Casa da Mina e tesoureiro-mor da Casa de Ceuta, e recebido uma capitania hereditária na parte setentrional da colônia americana de Portugal, a capitania do Maranhão, ganhou notoriedade por sua atividade literária, a qual teve início com um romance de cavalaria, oferecido ao futuro rei Dom João III, e editado em 1522, quando era rara a impressão de livros em Portugal. 

Autor de obras doutrinárias e pedagógicas, elaborou uma Gramática da Língua Portuguesa (1539), para nativos indianos e africanos, acompanhada de um Diálogo em louvor da nossa linguagem. Empenhado na valoração dos Descobrimentos portugueses, planejou a elaboração de uma grande síntese histórico-geográfica, dividida em três partes: a Conquista ou narrativa da descoberta e ocupação nos quatros continentes, "Europa", "África", "Ásia"e "Santa Cruz"; a Geografia e o Comércio. Todavia, somente três "Décadas" da Ásia seriam publicadas durante sua vida, entre 1552 e 1563,. A Década IV foi publicada postumamente, ao passo que o manuscrito da Geografia Universal foi perdido e o do Comércio permaneceu inacabado. No juízo de Antônio José Saraiva, se exato quanto aos fatos que narra, por sistema, e até por doutrina, João de Barros omite tudo quanto possa deslustrar os reis e os grandes personagens, assim como o decoro da nação portuguesa. Ao mesmo tempo, esforça-se por demonstrar os direitos de Portugal ao monopólio das rotas marítimas do Oriente, das terras ocupadas e do comércio. Entende que as guerras travadas no Oriente eram um desdobramento da cruzada contra o infiel muçulmano iniciada com a Reconquista da península Ibérica. Não obstante, demonstra sensibilidade na consciência da relatividade da civilização cristã e européia ao descrever, com admiração, a civilização chinesa.